Ontem, no Festival de Veneza foi apresentado o filme A bela adormecida que trata de um tema polêmico, a eutanásia que aqui no Brasil querem descriminalizar. A polêmica na Itália gira também em torno de até que ponto o cinema pode ser fonte de formação ideológica.
Em 2009, eu morava em Roma e acompanhei de perto o caso de Luana Englaro que morreu de fome e sede. O filme A bela adormecida manipula a verdade, distorce os fatos e foge muito da real situação da jovem italiana na qual se baseia o obra.
O professor da Universidade Católica de Milão e diretor do Master em roteiros, Armando Fumagalli, que conheci num congresso realizado pela Faculdade de Comunicação Social Institucional na Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma, faz uma crítica objetiva ao filme e à obra de Marco Bellochio: "Não tratar de modo intelectualmente honesto e humanamente profundo os problemas é uma constante no cinema de Bellocchio. Também desta vez, o filme tem uma vida curta. Como os outros, gerará algum debate momentâneo. Mas, como os outros, fica na superfície e terá vida breve".
A bela adormecida é mais uma obra cinematográfica que traz à tona velhas perguntas: para um filme ser bom tem que ser só bem feito? Ou ser bem feito e verdadeiro? É lícito inventar até que ponto?
Nenhum comentário:
Postar um comentário