quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Uma visão diferente


Meu intuito com estas linhas não é gerar mais uma polêmica, mas expor uma questão Moral que venho refletindo e conversando com algumas pessoas com conhecimento de causa para aplicar os princípios morais em relação aos “novos personagens digitais”.
A História da Igreja ajuda-nos a entender a vida eclesial de ontem e hoje. A doutrina ensina que a Igreja é santa e pecadora. O fundador é Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. Por outro lado, todos somos pecadores, herdamos as consequências do pecado original, mas não podemos nos esquecer que “ onde abundou o pecado superabundou a graça”.
A vida litúrgica, doutrinal, espiritual e moral da Igreja está em rede e não em paralelo como muitos parecem entender. Quando afirmo algo, não posso esquecer a associação dos vários elementos eclesiais que formam o Corpo Místico de Cristo. Há pessoas com mais conhecimento, outras com menos formação, umas que estão maduras na fé, outras em processo de conhecimento e em busca da verdade revelada.
A prudência é a mãe das virtudes cardeais. “Tudo posso, mas nem tudo me convém”, afirma São Paulo. Acredito que muitas pessoas com boa vontade, zelo e reta intenção tem exposto nas mídias sociais alguns fatos ocorridos dentro da Igreja (homilia de um bispo do nordeste, uma exposição de presépios, umas postagens da PJ, afirmações feitas no encontro das CEBs, comportamentos  de  padres mediáticos, etc).   Devido a isso, surgiram os profetas digitais, os inquisidores digitais, os combatentes on line, os cruzados digitais, os reis das postagens, juízes e advogados digitais, os defensores do vínculo digital que realizam um trabalho muito bem articulado para se defenderem o se acusarem.
No dia do casamento da minha irmã, ela e minha mãe chegaram chorando após nos deixarem cinquenta minutos esperando, levando em conta que morávamos a cem metros da igreja. Ao vê-las, disse: “roupa suja se lava em casa”.  Eu não ia expor  a minha mãe e a irmã em público. O cerimônia foi belíssima, depois  fiquei sabendo que  a maquiadora tinha se atrasado, por isso, elas não chegaram na hora.  Hoje, ao postarmos algo na rede, o fato fica exposto para todo o mundo  ver  e ,muitas vezes, para sempre. Um problema, em poucos minutos, pode virá uma crise. Ai já não se pode resolver a questão “em casa”, isto é, na Igreja.
Soube de alguns fatos citados acima via redes sociais. Graças a Deus, tenho um pouco mais de discernimento devido a formação que tive e a minha idade já avançada. Porém, recebi de pessoas amigas mensagens em que se diziam decepcionadas, confusas, transtornadas e escandalizadas. Um acontecimento local e particular se transforma num instante numa realidade universal. Há pessoas que são como crianças na fé que se escandalizam, nós não podemos ser causa de escândalo para ninguém disse o nosso Mestre.
Todos tem o direito à boa fama. Uma pessoa conhecida foi imprudente em algumas atitudes e foi acusada de vários crimes. Saiu na Mídia e nas redes sociais e, pior ainda, as notícias continuam na rede. Só que ela foi inocentada tanto a nível civil como eclesiástico, mas poucas pessoas sabem, não foi publicado. Todo o bem que ela fez ao longo de toda a vida, foi rotulado por algumas atitudes erradas de alguns instantes.
Nos Evangelhos, Jesus fala da correção fraterna e a Moral cristã nos ensina como fazê-la. Temos de ter o cuidado porque, mesmo com muita boa vontade e em nome da defesa da Fé e dos nossos direitos eclesiásticos, podemos estar contribuindo para aumentar o problema, propagar o mal, gerar o escândalo e levar outras pessoas a pecarem. Sem falar o mal que faz à Igreja e a alegria que dão  àqueles que não gostam dos cristãos. Inundemos o mal com excesso de bem.
Outrora, grandes santos tiveram uma atitude diferente, uns rezaram e ficaram em silêncio, como Santa Teresa de Calcutá e São Padre Pio; outros procuram se converter e serem mais santos, ainda, dar boa doutrina, como São Francisco de Assis e São Josemaria; tivemos, também, aquela que exortou  a quem era de direito e tinha a responsabilidade sobre a Igreja, santa Catarina de Sena. Hoje, temos o Papa  emérito Bento XVI que em silêncio eloquente ora pela Igreja e pelo mundo.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Padre, sua benção!

    A questão da CEB’s, PJ, homilia do bispo, presépio, padres midiáticos, foram atos públicos e notórios que escandalizaram muitas pessoas. É diferente do caso da sua irmã e também da pessoa posteriormente inocentada. Em relação a correção, S. Tomás ensina, resumidamente, que há dois tipos:

    1. Correção fraterna
    Ato de caridade e tende à emenda do nosso irmão através de advertência.

    2. Correção ato de justiça:
    Esta visa o bem comum e recorre-se ás vezes a punição. Pertencem somente aos prelados, que não só tem que advertir, mas ainda corrigir, punindo.

    No tocante a correção fraterna, S. Tomás aborda a distinção entre correção fraterna de pecados públicos e ocultos:

    1. Correção fraterna de pecados ocultos:

    1.1 Se redundam no mal do pecador e daquele contra o qual ele peca:
    Deve-se corrigir o nosso irmão em particular, afim de não permanecer no pecado, conservando a boa fama do nosso irmão pecador.

    1.2 Se causam dano não só contra uma determinada pessoa, mas também contra as outras,
    É necessário se proceda logo à repreensão pública para o referido dano ser reparado; salvo se houver razões sérias de pensar que os males em questão possam ser conjurados de pronto por uma advertência secreta.

    2. Correção fraterna de pecados públicos:
    Devem ser repreendidos publicamente, não devendo somente corrigir o pecador, para que se torne melhor, mas também dar satisfação aos outros, que o conheceram, para não se escandalizarem.

    2.1 Se comentidos por um prelado
    Se tal pecado público for cometido por um prelado, é possível a correção fraterna pelos súditos, desde que ocorra iminente perigo a fé e seja feito de forma comedida e indulgente.

    Ou seja, é dever corrigir publicamente atos públicos que causem dano a outros. E S. Tomás ensina isso em uma época que a sociedade era católica. A população respirava a vida eclesial, um pecador era muito mal visto. Imagina ser repreendido naquela época?

    Que há abusos e falta de caridade nas redes sociais, bom, não há como negar. Porém ninguém aguenta mais ver a Igreja sendo mundanizada, politizada, interpretações doutrinárias absurdas, liturgia deturpada e protestantizada.

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